Do clima à clínica como calor, enchentes e zoonoses ameaçam a saúde animal e humana - ZooVet em pauta com Dr. Alessandro Machado

 

As mudanças climáticas intensificam a ocorrência de ondas de calor, enchentes e outros eventos climáticos extremos, impactando diretamente a saúde animal e humana. O aumento das temperaturas provoca estresse térmico nos animais domésticos e de produção, reduzindo o desempenho zootécnico, alterando padrões reprodutivos e predispondo a doenças metabólicas, respiratórias e dermatológicas. Em humanos, o calor extremo aumenta o risco de desidratação, insolação e agravamento de doenças cardiovasculares e respiratórias, especialmente em populações vulneráveis. Além disso, temperaturas mais altas favorecem a proliferação de vetores e microrganismos patogênicos, alterando o equilíbrio ecológico e ampliando a circulação de agentes infecciosos.

As enchentes e eventos climáticos severos, cada vez mais frequentes e intensos, criam ambientes propícios para surtos de doenças infecciosas compartilhadas entre animais e humanos. A água contaminada torna-se um vetor eficiente de agentes como Leptospira, Salmonella e vírus entéricos, aumentando a incidência de zoonoses hídricas. Animais de produção e de companhia expostos a enchentes sofrem com lesões, hipotermia, estresse, afogamento e perda de abrigo, o que fragiliza o sistema imunológico e eleva a susceptibilidade a infecções. Para os humanos, além das doenças transmitidas pela água, há riscos de traumas, intoxicações e problemas psicossociais decorrentes de deslocamentos forçados e da perda de bens e animais.

Nesse contexto, o cuidado integrado da saúde animal e humana torna-se essencial, reforçando a abordagem “Uma Só Saúde” (One Health). A expansão geográfica de vetores como mosquitos, carrapatos e flebotomíneos, impulsionada pela alteração dos padrões climáticos, favorece a emergência e reemergência de zoonoses como leishmaniose, dirofilariose, febre do Nilo Ocidental, febre maculosa e encefalites virais. A adaptação dos sistemas produtivos, o fortalecimento da vigilância epidemiológica, o planejamento sanitário e a educação ambiental são estratégias fundamentais para mitigar riscos. Assim, a integração entre médicos, médicos-veterinários, biólogos, gestores ambientais e comunidade é indispensável para prevenir impactos sanitários e promover a resiliência frente às mudanças climáticas.

ZooVet em Pauta com Dr. Alessandro Machado | Ep. 53

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