Saindo do campo de animais de produção, onde o foco está em questões como manejo, produtividade e saúde coletiva dos rebanhos, passamos agora a abordar um tema que envolve uma relação mais próxima e afetiva: os animais de companhia. Esses animais, principalmente cães e gatos, têm um papel cada vez mais importante na vida das pessoas, trazendo não apenas companhia, mas também benefícios emocionais e psicológicos. Quando se trata de saúde, os desafios enfrentados pelos animais de companhia, como a prevenção de doenças, o tratamento de condições crônicas e os cuidados diários, exigem uma abordagem especializada e dedicada. Um exemplo disso é a cinomose, uma doença viral grave que afeta principalmente cães, destacando a necessidade de cuidados preventivos rigorosos, como a vacinação, e a importância de atenção imediata aos primeiros sinais clínicos.
Afeta principalmente cães que ainda não completaram o esquema vacinal, como filhotes, ou aqueles que não recebem os reforços anuais da vacina múltipla (V8, V10, V11 ou V12), essenciais para manter a imunidade contra o vírus. Embora seja uma ameaça séria para os cães, a cinomose não afeta gatos, pois estes não são suscetíveis ao vírus. A prevenção por meio da vacinação é crucial para evitar o contágio e garantir a saúde dos animais.
A cinomose é uma doença viral grave e altamente contagiosa que afeta cães e outros carnívoros, sendo causada pelo vírus da cinomose canina (CDV, Canine Distemper Virus), um paramixovírus da mesma família do vírus do sarampo humano. Essa doença pode ser fatal, especialmente em filhotes não vacinados, e seus sintomas variam de acordo com a fase da infecção, que pode envolver os sistemas respiratório, gastrointestinal e nervoso.
Na fase respiratória, os cães podem apresentar febre, secreção nasal e ocular purulenta, tosse e pneumonia. Na fase gastrointestinal, os sinais mais comuns são vômito, diarreia, perda de apetite e desidratação. A fase neurológica, que muitas vezes é a mais grave, pode incluir tremores musculares, convulsões, paralisia parcial ou total, ataxia (descoordenação motora) e movimentos involuntários. Em alguns casos, os cães também apresentam espessamento das almofadas plantares (hiperqueratose).
Infelizmente, não há um tratamento antiviral específico para a cinomose. O tratamento é baseado no controle dos sintomas e no suporte ao sistema imunológico do animal, incluindo a hidratação, o uso de antibióticos para evitar infecções secundárias, anticonvulsivantes quando necessário, e a administração de vitaminas e suplementos. O prognóstico da doença depende da fase em que é diagnosticada e da resposta do animal ao tratamento. Quando há envolvimento neurológico avançado, o prognóstico é geralmente mais reservado.
Os cuidados preventivos são fundamentais para evitar a cinomose. A vacinação é a principal medida de proteção, sendo essencial que os cães sejam vacinados ainda filhotes e recebam reforços conforme orientação veterinária. Além disso, cães infectados devem ser isolados para evitar a disseminação do vírus. A higiene do ambiente, com desinfetantes adequados, também é importante, pois o vírus é sensível a esses produtos. Para cães em recuperação, é crucial garantir um ambiente tranquilo, com cuidados específicos e acompanhamento veterinário regular. A cinomose é uma doença de grande preocupação, mas a vacinação, aliada a cuidados preventivos rigorosos, é altamente eficaz na proteção dos cães.
ZooVet em Pauta com Dr. Alessandro Machado | Ep. 24
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